Articulação de coletivos socioambientais da grande Florianópolis
#SOSFloripa – Diga NÃO à Marina na Beira-Mar Norte!
Tecendo Redes convoca uma manifestação, na terça-feira, 22/04, a partir de 14h, em frente à Justiça Federal, durante audiência com o juiz Marcelo Krás Borges e a Prefeitura de Florianópolis.
A gestão municipal quer “destravar” o projeto de Parque Urbano e Marina, que: ⚠️ Prevê construção de Marina com 500 vagas, sendo apenas 30 públicas (6%)! ⚠️ Aumenta ainda mais o caos no trânsito ⚠️ Ameaça ecossistemas sensíveis e compromete o equilíbrio ambiental das baías ⚠️ Prejudica diretamente a pesca artesanal e comunidades tradicionais da região
Mobilize-se contra o Plano de Privatização do Turismo em Floripa
Na véspera do aniversário de Florianópolis, durante a Maratona Cultural, estivemos nas ruas do centro de Florianópolis denunciando o plano do prefeito Topázio de privatizar 100 atrativos turísticos da cidade. Isso faz parte de um Plano de Desenvolvimento Turístico elaborado a portas fechadas entre o SEBRAE, empresas de turismo e a Prefeitura Municipal de Florianópolis, sem qualquer tipo de participação popular.
Em reação à nossa mobilização, alguns dias depois, o prefeito concedeu entrevista à mídia local, confirmando a elaboração do Plano de Desenvolvimento Turístico e anunciando que sua implementação deve acontecer no segundo semestre de 2025.
Embora o prefeito Topázio e as reportagens acima argumentem que a concessão dos espaços para a exploração econômica por empresas privadas não signifique privatização, nós sabemos o que essas concessões significam na prática.
Exploração econômica é a exploração dos espaços públicos para geração de lucro por grandes empresas privadas, em detrimento dos pequenos comércios familiares locais, artistas locais de diferentes origens, etc. Quando o foco está em otimizar o lucro a partir dessa exploração, o interesse privado de grupos desvinculados à cidade e às comunidades locais se sobrepõe ao interesse público coletivo, e quem é mais impactado são as famílias (em especial de média e baixa renda) e a natureza.
O prefeito deu um exemplo aparentemente muito inocente de um café no mirante do Morro da Cruz, mas é só mudarmos um pouco o contexto e a escala para de repente surgirem beach clubes na Lagoinha do Leste ou a cobrança de estacionamento nos parques municipais viralizar de vez (como já acontece na Lagoa do Peri).
Afinal, como uma empresa lucra com a concessão de uma trilha, por exemplo? De duas uma, ou será cobrada entrada – seja na trilha ou no estacionamento – ou será construída infraestrutura de café, restaurante ou loja. Qual será o impacto ambiental dessas estruturas? Para onde vai o lixo e esgoto gerado? Qual é a capacidade de suporte desses locais? Nós precisamos dessas estruturas? Nós visitamos esses locais para consumir ou para estar em contato com suas belezas naturais? Para quem o turismo de Florianópolis está sendo planejado?
Existem diversos locais em Florianópolis onde as comunidades que vivem na área já prestam serviços turísticos – como o transporte de barco, aluguel de caiaques/pranchas, venda de alimentos e de artesanatos, etc. Para onde vão essas pessoas, quando forem proibidas de realizar esses serviços? Serão substituídas por empresas sem compromisso socioambiental e nem vínculo com a região – os barqueiros (que são, na verdade, pescadores), por exemplo, perderão sua fonte de renda, que antes era a pesca e se transformou no transporte turístico; OU precisarão trabalhar como funcionários para as empresas que ganharem as concessões (se houver licitação, né?!).
E fiquem atentas, porque o Plano de Turismo do prefeito Topázio anda lado a lado com o projeto de “naming rights” (PL 169/2024), que nada mais é que um projeto para que empresas privadas deem seu nome para locais, eventos, praias e etc. Ou seja, a praia da Galheta pode ser rebatizada como praia da Havan, e por aí vai.
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Muita gente vem nos perguntando como pode ajudar na mobilização contra esse e outros projetos da prefeitura que atendem aos interesses de uma elite endinheirada e refletem um modelo de cidade defasado, devastador e segregador.
Nas ruas, conversando com as pessoas, temos certeza de que somos maioria.
– Manifeste-se denunciando para amigues, familiares e pessoas conhecidas o que está acontecendo
– Comente nas redes sociais do prefeito Topázio e da Prefeitura de Florianópolis, exemplo: @prefflorianopolis, @topaziofloripa, @floram.pmf, @fundacaofranklincascaes, @seturfloripa.
– Conheça os movimentos do seu bairro e região e considere se mobilizar
– Organize-se com amigues e vizinhes caso ainda não exista um grupo de pessoas engajadas na luta socioambiental no seu bairro
Que eu me organizando posso desorganizar
A história dos movimentos socioambientais de Florianópolis está repleta de lutas persistentes e vitoriosas! Parque da Luz, Ponta do Sambaqui, Ponta do Coral são apenas alguns exemplos de espaços públicos na nossa cidade que só permaneceram públicos sem prédios, hotéis ou marinas graças à luta comunitária. Outros exemplos recentes são o embargo do Condomínio Brisas da Ilha no Córrego Grande e do Hotel Vistas Sambaqui na praia do Toló, no bairro Sambaqui.
A luta vale a pena, sempre.
Bora lutar por uma cidade para o povo e pelo povo, com respeito à natureza!
O ato deste sábado, na Praia do Toló, foi um abraço coletivo em forma de canto, dança, cor e coragem. Uma tarde viva, cheia de energia, com a força de uma comunidade que não esquece sua história – e que sabe muito bem resistir com arte e afeto.
Vídeo do ato, fonte instagram de Nildão
A mesa de partilha reuniu sabores, sorrisos e generosidade. As rendeiras marcaram presença com sua delicadeza firme, junto das mulheres do grupo Olaria de pau-de-fita da ABS, que dançaram a ratoeira e transformaram o chão em poesia.
As placas, cartazes e palavras desenhadas na areia diziam tudo: S.O.S. Sambaqui e Praia do Toló! Uma luta viva, antiga e atual. A mesma garra da velha guarda que conquistou a Ponta de Sambaqui como parque público estava ali, pulsando.
placas foram pintadas coletivamente na atividade
Famílias do bairro e apoiadores de outras regiões, como Ivânio, da Praia do Forte, vieram somar. A alma do bairro cantou com Rey, Nilêra Conceição, Carlinhos Cunha, Laudelino, Elias Andrade (Índio) e tantos outros das nossas tradições. A presença solidária de Claudinha Barbosa e Alison Mota também aqueceu nossos corações.
comunidade atenta as falasO ato contou com música ao vivo
As mulheres do grupo Leitura de Sambaqui encantaram com suas poesias. Alaíde, com seu canto, iluminou ainda mais a tarde.
Parabéns à Associação do Bairro de Sambaqui (ABS), através de Ricardo, Doris, Ione e diretoria, por aglutinar essa força. E reconhecimento especial aos moradores da Praia do Toló e da Ponta, que iniciaram essa mobilização – e a todos que vieram somar presença e voz.
E que se saiba: a luta só começou. As irregularidades devem ser revistas. As intervenções ilegais em áreas de preservação precisam ser removidas. A vegetação nativa, recomposta. É urgente delimitar a área de amortização entre encostas e APP – proteger, recuperar, respeitar.
faixa na frente da entrada da obra ilegal
A comunidade exige transparência total nos licenciamentos. O que será construído, onde, com base em que critérios? Só se aceita o que for legal e claro pra todo mundo.
placa com os responsáveis pela obra
Quando Sambaqui se levanta, é maré cheia. É ancestralidade em movimento.