Republicando nota de apoio do Coletivo Ecolhar, em seu site.
Estamos mobilizados contra a construção de um edifício de ‘alto padrão’, com sete andares, à beira-mar na Praia da Armação do Pântano do Sul. O empreendimento, com 92 apartamentos, está previsto para ser implantado em uma área considerada frágil e sem infraestrutura adequada. O atual Plano Diretor da capital (LC 739/23), que permite a verticalização em prédios de 7 andares em áreas específicas, valendo-se do zoneamento ‘ADI – Áreas de Desenvolvimento Incentivado’, ignorou inúmeras deliberações distritais de limitar os prédios em dois pavimentos em todos os processos de revisões de PD’s havidos anteriormente nos últimos vinte anos. Questionamos não somente a falta de infraestrutura básica, como saneamento e abastecimento de água para suportar empreendimentos como esse, mas principalmente a necessidade de planejamento urbanístico que considere o desenvolvimento ecologicamente sustentável da região, a qualidade de vida e a preservação ambiental.
Fazendo um paralelo desta situação de verticalização sem planejamento nessa região, com o que o atual Plano Diretor propõe para a área da planície inundável do Pântano do Sul -AUE (Área Urbanística Especial), categoria que permite loteamentos e projetos de edifícios de até 8 andares, há hoje a real possibilidade de a Prefeitura permitir a construção de 30 ou mais prédios deste tipo sobre a planície, o que configurará um bairro de 5.000 habitantes, maior que a população atual de Açores e Pântano do Sul reunidos.
A área da planície é alvo de dois imensos projetos urbanísticos que, somados, equivalem ao tamanho de dois ‘Jurerê Internacional’. Esta é a conexão do projeto do edifício na Armação, que abriria o precedente que os setores da construção civil e especulação imobiliária precisam para avançar no extremo sul da ilha, caso não consigamos evitá-lo.

A planície inundável do Pântano do Sul, que configura-se como uma extensa área de preservação permanente, onde incidem normas de restrição legal de uso e ocupação, estocando grandes volumes de água, reduzindo entradas abruptas de água nas áreas urbanas próximas, recarregando aquíferos essenciais para consumo urbano e ainda permanece incólume face a uma decana campanha de tenaz resistência, que em setembro próximo completará 20 anos, e que até agora conseguiu evitar o terrível cenário de urbanização que desconsidera a necessidade de preservação da área. Some-se ao nosso esforço para evitar esse desastre socioambiental no extremo sul da ilha, participando das ações desta campanha para criação de uma Unidade de Conservação na Planície Inundável do Pântano do Sul.

A peça se vale dos atributos da natureza local (que nós em verdade estamos lutando para preservar) para vender imóveis de luxo destinados a um público de altíssima renda, maior parte vinda de longe. Seu roteiro segue uma narrativa poética, glamorosa, erotizada e impregnada de ‘maquiagem verde’, onipresente em todo esse perfil de propaganda no setor imobiliário, aqui e em outros sítios no litoral brasileiro, ao salientar a exclusividade aos futuros ricos moradores a possibilidade de usufruírem uma paisagem paradisíaca, que nós estamos lutando para preservar sem edifícios aqui no distrito. Salienta as tradições locais e facilidades logísticas de mobilidade e consumismo, tudo o que justamente todos os ricaços fazem na contramão do que se precisa fazer atualmente – menos consumo geral, menos consumo de água (que falta no verão), menos gasto em energia (vide os rotineiros apagões), menos prédios de luxo, menos lixo resultante do estilo de vida consumista, menos carrões (em trânsito já saturado), menos jet-skis e iates para afugentar baleias, menos…
SEGUE A SEQUÊNCIA DE IMAGENS DA PROPAGANDA








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