Conferência do Meio Ambiente em Florianópolis: Participação Popular ou mera formalidade e propaganda?

A Prefeitura Municipal de Florianópolis realizou a primeira Conferência Municipal do Meio Ambiente, nesta terça, 10 de dezembro, entre 8h e 17h, em auditório com capacidade para 150 pessoas (visto que a população do município é de 537 mil habitantes, segundo o IBGE, em 2022). O evento foi realizado na sede da Associação dos Municípios da Grande Florianópolis (Granfpolis), em Capoeiras. O credenciamento, necessário para o direito ao voto, ocorreu entre 8h e 9h da manhã. Os votos eram necessários para a eleição das 26 pessoas delegadas para a Conferência Estadual do Meio Ambiente.

Segundo a divulgação oficial, o objetivo da conferência é: “dar voz à perspectiva de Florianópolis com relação ao enfrentamento à emergência climática, além de sua inserção e colaboração para os esforços no panorama regional e nacional, por meio de uma síntese das principais ações e estratégias que o município está desenvolvendo para se adaptar às mudanças do clima.”. E, no regimento, é definida como a “instância de participação social que tem por atribuição a definição de propostas que tratem da Emergência Climática, da educação ambiental e das ações de controle e proteção ambiental, de modo a subsidiar a implementação da Política Nacional sobre Mudança do Clima” (grifo nosso).

De que tipo de “participação social” estamos falando, ou melhor, quem pode participar de fato de uma conferência realizada em um dia útil, em um horário em que a maioria da população da cidade estava trabalhando ou estudando (das 08h as 17h)e em um local pouco central, para o deslocamento? O prazo final para realização das conferências municipais era dia 15 de dezembro, por qual motivo deixar para última hora, sabendo dos inúmeros compromissos de final de ano, em uma cidade turística?

A tática de realizar atividades como esta, apenas para cumprir uma formalidade e evitar judicialização, não é uma novidade para quem acompanhou o fatídico e desgastante processo de discussão do Plano Diretor “Participativo” de Florianópolis. Uma estratégia que serve para esvaziar a participação popular, desmobilizando as vozes dissonantes contra a política ecocida e negacionista climática, que promove a gestão Topázio (PSD), voltada para os interesses da construção civil e especulação imobiliária.

Veja o vídeo com o relato do professor Paulo Horta, que esteve presente na conferência, denunciando que boa parte do evento foi dedicado para propaganda das ações da administração, sobrando pouco tempo para a comunidade apresentar e discutir propostas para serem levadas para a conferência estadual.

Cabe às coletividades que se importam com o destino que a nossa cidade está tomando, em tempos de Emergência Climática, se questionarem sobre quais as estratégias serão pensadas em conjunto pelo campo democrático, popular e ecológico para fazer frente a mais 4 anos de destruição ambiental e desmonte de direitos sociais, sob a maquiagem verde de postagens pagas na rede social e anúncios positivos na mídia chapa branca.

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1 comentário

  1. Ecoplamento, e, especialmente, ‘maquiagem verde’ na veia: as formas pelas quais o sistema político/econômico está “absorvendo” o colapso da vida no planeta, convertendo a crise ecológica em dividendos de capital. Para todos os ingênuos que ainda acreditam na capacidade da burguesia escória contornar a crise ecológica, continue acreditando no papai noel.
    Gert Schinke

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