
Na véspera do aniversário de Florianópolis, durante a Maratona Cultural, estivemos nas ruas do centro de Florianópolis denunciando o plano do prefeito Topázio de privatizar 100 atrativos turísticos da cidade. Isso faz parte de um Plano de Desenvolvimento Turístico elaborado a portas fechadas entre o SEBRAE, empresas de turismo e a Prefeitura Municipal de Florianópolis, sem qualquer tipo de participação popular.
Em reação à nossa mobilização, alguns dias depois, o prefeito concedeu entrevista à mídia local, confirmando a elaboração do Plano de Desenvolvimento Turístico e anunciando que sua implementação deve acontecer no segundo semestre de 2025.
Agora, na última quarta-feira (09/04), a prefeitura lançou a nova marca turística da cidade, que está atrelada ao tal Plano de Turismo, já com indicação de 57 ações a serem implementadas nos atrativos turísticos de Florianópolis.
Embora o prefeito Topázio e as reportagens acima argumentem que a concessão dos espaços para a exploração econômica por empresas privadas não signifique privatização, nós sabemos o que essas concessões significam na prática.
Exploração econômica é a exploração dos espaços públicos para geração de lucro por grandes empresas privadas, em detrimento dos pequenos comércios familiares locais, artistas locais de diferentes origens, etc. Quando o foco está em otimizar o lucro a partir dessa exploração, o interesse privado de grupos desvinculados à cidade e às comunidades locais se sobrepõe ao interesse público coletivo, e quem é mais impactado são as famílias (em especial de média e baixa renda) e a natureza.
O prefeito deu um exemplo aparentemente muito inocente de um café no mirante do Morro da Cruz, mas é só mudarmos um pouco o contexto e a escala para de repente surgirem beach clubes na Lagoinha do Leste ou a cobrança de estacionamento nos parques municipais viralizar de vez (como já acontece na Lagoa do Peri).
Afinal, como uma empresa lucra com a concessão de uma trilha, por exemplo? De duas uma, ou será cobrada entrada – seja na trilha ou no estacionamento – ou será construída infraestrutura de café, restaurante ou loja. Qual será o impacto ambiental dessas estruturas? Para onde vai o lixo e esgoto gerado? Qual é a capacidade de suporte desses locais? Nós precisamos dessas estruturas? Nós visitamos esses locais para consumir ou para estar em contato com suas belezas naturais? Para quem o turismo de Florianópolis está sendo planejado?
Existem diversos locais em Florianópolis onde as comunidades que vivem na área já prestam serviços turísticos – como o transporte de barco, aluguel de caiaques/pranchas, venda de alimentos e de artesanatos, etc. Para onde vão essas pessoas, quando forem proibidas de realizar esses serviços? Serão substituídas por empresas sem compromisso socioambiental e nem vínculo com a região – os barqueiros (que são, na verdade, pescadores), por exemplo, perderão sua fonte de renda, que antes era a pesca e se transformou no transporte turístico; OU precisarão trabalhar como funcionários para as empresas que ganharem as concessões (se houver licitação, né?!).
E fiquem atentas, porque o Plano de Turismo do prefeito Topázio anda lado a lado com o projeto de “naming rights” (PL 169/2024), que nada mais é que um projeto para que empresas privadas deem seu nome para locais, eventos, praias e etc. Ou seja, a praia da Galheta pode ser rebatizada como praia da Havan, e por aí vai.
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Muita gente vem nos perguntando como pode ajudar na mobilização contra esse e outros projetos da prefeitura que atendem aos interesses de uma elite endinheirada e refletem um modelo de cidade defasado, devastador e segregador.
Nas ruas, conversando com as pessoas, temos certeza de que somos maioria.
Como fazer nossa vontade prevalecer?
– Assine e compartilhe o abaixo-assinado: https://abre.ai/mzJj
– Manifeste-se denunciando para amigues, familiares e pessoas conhecidas o que está acontecendo
– Comente nas redes sociais do prefeito Topázio e da Prefeitura de Florianópolis, exemplo: @prefflorianopolis, @topaziofloripa, @floram.pmf, @fundacaofranklincascaes, @seturfloripa.
– Conheça os movimentos do seu bairro e região e considere se mobilizar
– Organize-se com amigues e vizinhes caso ainda não exista um grupo de pessoas engajadas na luta socioambiental no seu bairro
Que eu me organizando posso desorganizar
A história dos movimentos socioambientais de Florianópolis está repleta de lutas persistentes e vitoriosas! Parque da Luz, Ponta do Sambaqui, Ponta do Coral são apenas alguns exemplos de espaços públicos na nossa cidade que só permaneceram públicos sem prédios, hotéis ou marinas graças à luta comunitária. Outros exemplos recentes são o embargo do Condomínio Brisas da Ilha no Córrego Grande e do Hotel Vistas Sambaqui na praia do Toló, no bairro Sambaqui.
A luta vale a pena, sempre.
Bora lutar por uma cidade para o povo e pelo povo, com respeito à natureza!