Publicado originalmente no instagram da AMOCAM.
A notícia de que a Prefeitura Municipal de Florianópolis recebeu a cessão de uma parte do Campo de Pouso do Campeche, nosso bairro, foi recebida com um misto de surpresa, preocupação e alegria.
A surpresa foi porque a Associação de Moradores do Campeche – AMOCAM, uma das grandes defensoras e que luta bravamente pela manutenção deste bem comum para uso público e comunitário há pelo menos 30 anos, nem sequer foi informada pelo ato da cessão entre o Prefeito Gean Loureiro e o superintendente da SPU/SC (Superintendência do Patrimônio da União), Nabih Chraim.
A preocupação vem com o fato de que somente uma parte da área, conhecida como Campo de Pouso, foi destinada a um futuro projeto da Prefeitura, ao contrário da fala do prefeito Gean Loureiro. Não é segredo para quem participou das discussões, dos enfrentamentos e negociações com a União e a Base Aérea, de que a área pretendida para a implantação do Parque Cultural do Campeche – PACUCA é de 352 mil m². E o executivo municipal sabe disso. Ou seja, é errôneo afirmar que se conseguiu toda a área “da” PACUCA. Sendo assim, o que será feito da área remanescente? Teremos uma negociação futura para anexa-la e, finalmente, realizarmos o sonho de termos o nosso Parque? Ou a área estará reservada para futuros projetos imobiliários/especulativos? Devemos nos contentar com apenas 114 mil m²?
Depois dizem que a AMOCAM nunca está satisfeita como nada. E não estamos mesmo! Para quem dedicou a maior parte da sua história à defesa deste espaço como um bem comum, onde toda a comunidade local, moradores de outros bairros de Florianópolis e demais cidades vizinhas possam se encontrar e usar o espaço para o lazer em toda a sua integralidade, receber apenas um quinhão, após décadas de luta, é muito pouco! Além disso, permitir que se construa um projeto qualquer, sem conexão com toda a história do lugar, da área remanescente e todo o processo de defesa deste lugar, é um atentado contra a história de uma comunidade que sempre soube o que era seu por direito.
Devemos renegar esta concessão? De maneira alguma! Devemos receber com otimismo e como pagamento por tantas e tantas ações em prol do nosso sonho de construção do PACUCA. Porém, sempre lembrando que essa cessão é apenas uma pequena fração do que realmente temos direito. Devemos participar na construção deste projeto inicial, mas sem perder de vista o objetivo maior, que é anexar a área remanescente de 238 mil m², hoje sob custódia da Aeronáutica.
Queremos um Parque realmente do povo para o povo, da natureza para a natureza, sem distinções de qualquer espécie. Que seja um lugar em que toda a gente possa se sentir acolhida. Que possamos participar deste processo de construção coletiva e que não sejamos surpreendidos por um projeto pré-fabricado e que venha privilegiar somente uma pequena parcela da população. Queremos um projeto realmente comunitário e inclusivo, como sempre sonhamos e para o qual sempre lutamos.
PARABÉNS À NOSSA COMUNIDADE. Essa é uma vitória de toda a gente. Mas não esqueçam, sempre, de que nosso objetivo é bem maior do que isso. O CAMPECHE INTEIRO, NÃO CABE DE UM LADO SÓ DA CERCA. Isso já dizíamos em 2018. E repetiremos quantas vezes foram necessárias!
Seguimos!